segunda-feira, março 16, 2009

THERE IS NO GOD

FORAM dias difíceis estes. Ainda não percebi bem porquê mas aquela tragédia de Aveiro tocou-me fundo. No dia seguinte, ler as reportagens sobre o sucedido não me fez bem nenhum. Ontem, quando ouvi que tinham caído cinco crianças ao mar nem acreditei. O azar fatal acabou por bater só à porta de uma. Mas já é uma a mais.
A lei da proximidade tem destas coisas. Vale mais uma criança em Portugal dos que os milhares que morrem em África todos os dias. Não consigo viver com isto. Por isso crio uma capa de alheamento a uma série de desgraças que me (nos) afectam. E elas passam a afectar ainda menos do que deveriam. Deve haver outra forma de lidar com a vida. Há, claro, muitas e melhores. Mas esta tem sido aquela com que me dou melhor. O pior é o que acontece sempre que baixo a guarda. A dor é demasiado forte.
Para quem não acredita em Deus, como eu, e não vê nestas coisas um desígnio maior, torna-se difícil entender como acontecem certas tragédias. Não falo, claro, dos acidentes. Esses são apenas um custo de vivermos. Do resto. Como pode o homem ser tão intrinsecamente mau? Não quero ser assim. Temos a mania que somos o bicho mais inteligente da terra. Tenha dúvidas quando me dizem isso. Concordo apenas quando constanto que somos sim o mais cruel.

4 comentários:

Anónimo disse...

Longe ou perto, a haver dia do juízo final havemos de pagar bem caro a nossa indiferença.

Anónimo disse...

Não sei o que entende por dia do juízo final. Como escrevi não acredito em Deus e não encaro esse dia como algo bíblico. Agora se falarmos no dia em que a Natureza se fartar de aturar os nossos excessos sem sentido ou respeito, ou mesmo o dia do juízo final mas das nossas consciências, aí sim, acredito que o podemos pagar bem caro. Se bem que há muito quem já op esteja a pagar bem caro. Apenas noutros continentes.

Anónimo disse...

É isso mesmo.

Kermit disse...

Eu tambem fiquei a bater muito mal com a tragedia de Aveiro/criança no carro. Fiquei transtornada e acho que chorei por aquela mãe. Ainda que uma dor insuperável sempre, deve ser mais fácil ultrapassar a perda de um filho que morreu por uma doença ou um por um acidente imprevisível. Perder assim um filho...não. Nem consigo imaginar. Nem sei como se vive depois disto.