sábado, março 14, 2009

CRY BABY

SOU muitas vezes acusado de ser demasiado desprendido. Na relação com os meus pais e com o meu irmão, na ausência que os outros sentem da minha preocupação por eles. Não penso que seja tanto assim mas não tenho a certeza. Nem escrevo agora sobre isso. Falo sobre algo que tenho a certeza. Sempre fui sensível. Para alguns provavelmente até meio copo de leite. Sou dos que chora no cinema facilmente. E a quem o olhar de uma criança a pedir na rua, o choque com a miséria, consegue estragar o dia. Hipócrita, sim, eu sei. Mas sou assim.
Desde que sou pai fiquei pior. Tenho alguma dificuldade em ver filmes onde são relatadas tragédias de crianças, pior ainda a ler relatos verdadeiros sobre tragédias infantis. Por isso, confesso, os últimos dias não têm sido fáceis. Porque o que aconteceu nos Estados Unidos e na Alemanha me faz muita confusão e também não tenho tido tempo para desabafar em casa. Mas pior foi o caso de Aveiro. Um pai que mata o filho porque se esquece dele no carro - e deixo já aqui claro que acredito perfeitamente que o homem tenha feito esta barbaridade sem maldade nenhuma - deixou-me completamente aterrado. Porque o drama e a horrível morte de uma criança de 9 meses naquelas circunstâncias é de uma violência indescritível. Mas também porque sou uma das pessoas mais distraídas que conheço e não consigo deixar de pensar que me poderia ter acontecido a mim. A vida não é justa. Tem mesmo momentos de crueldade inacreditáveis. Pobre criança. Pobre família.

3 comentários:

dmonge disse...

Somos dois. Ainda hoje tento perceber o que deve estar a sentir o pai. Ainda hoje me questino. Não o condeno por nada mesmo, foi como tu disseste foi uma crueldade dura, real. Sem palavras.

Anónimo disse...

Mexeu muito com este lado também dos Figueiredo e Mateus, ainda por cima com um pequenino como nós temos, porque a vida hoje é uma correria cheia de stress, que muitas vezes não leva a lugar nenhum um edforço tão grande.

Mariano

Anónimo disse...

Bem dito Mariano...