quinta-feira, janeiro 31, 2008

The Violets

Uma nova banda para quem gosta de Siouxsie...


RECOMENDO


Já falei aqui algo levianamente - superficialmente talvez seja a palavra adequada - de alguns filmes, o que prometo não voltar a fazer. Aprendi. Enganei uma amiga que comprou um DVD após sugestão no Eskimo. Não gostou. E eu também não tinha gostado muito. Mas referi apenas os aspectos positivos na crítica que coloquei online. I'm sorry...

Desta vez não é o caso. Gostei mesmo deste filme. Mas só para quem gosta da Keira Knightley. E para quem gosta de romances dramáticos. É pesado sem o ser demasiado. Belo sem exceder o bom gosto. Muito bonito. Muito triste. Muito british. Gosto. Mesmo.

terça-feira, janeiro 29, 2008

TO DIE FOR


Será por ela que existe aquele feriado do corpo de Deus?

A solução possível


Obrigado Fino.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Dr. Fellgood

Mesmo com toda a sorte do Mundo sabe bem ganhar ao Porto. Aliás, especialmente assim. E é a segunda vez que os enganamos este ano. Eles jogam muito e têm uma equipa soberba, mas os putos do Sporting também têm qualquer coisa...

Moral da história...?

Um fazendeiro coleccionava cavalos e só lhe faltava uma raça. Um dia descobriu que o seu vizinho tinha desses cavalos. Assim, atazanou o vizinho até conseguir comprá-lo. Um mês depois o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário:
- Bem, o seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento durante três dias. No terceiro dia voltarei e caso ele não esteja melhor, será necessário sacrificá-lo.
Neste momento, o porco escutava a conversa. No dia seguinte deram-lhe o medicamento e foram embora.
O porco aproximou-se do cavalo e disse:
- Força amigo! Levanta daí, senão vais ser sacrificado!
No segundo dia, deram o medicamento e foram embora. O porco aproximou-se do cavalo e disse: - Vamos lá amigão, levanta-te senão vais morrer! Vamos lá, eu ajudo-te a levantar... Upa! Um, dois, três. Nada...
No terceiro dia deram o medicamento e o veterinário disse:
- Infelizmente, vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos.
Quando foram embora, o porco aproximou-se do cavalo e disse:
- É agora ou nunca, levanta-te! Coragem! Upa! Upa! Isso, devagar! Óptimo, vamos, um, dois, três, boa, boa, agora mais depressa vai... Fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa! Venceu, campeão!
Então de repente o dono chegou, viu o cavalo a correr no campo e gritou:
- Milagre! O cavalo melhorou. Isso merece uma festa... Vamos matar o porco para comemorar!

domingo, janeiro 27, 2008

I'll miss you

The Mission UK - Daddy's Going To Heaven Now. Talvez a música que mais mexe comigo...

No Padre António Vieira...

The Skids - Into The Valley.

Uma das minhas recordações preferidas dos tempos de liceu são os intervalos. Pois. Não, não fui grande coisa como estudante. Passei sempre, que era aquilo que os meus pais queriam. Mas voltemos ao que interessa. O punk era, na altura, um dos meus sons preferidos. Nomeadamente o punk e o pós-punk inglês. Nessa linha, os Skids eram um dos grupos obrigatórios. Aqui fica uma música histórica. Como aqueles intervalos em que ia meter som...

PS - O guitarrista, caso achem, que o conhecem de qualquer lado, foi mais tarde o vocalista e líder dos Big Country. Chamava-se Stuart Adamson, foi encontrado morto num quarto de hotel.

Castles In Spain : Again

Castles In Spain - Again. Uma banda actual, Gothic Rock de São Francisco. Grande som mesmo sem produção extravagante. Boa voz belas guitarras. Vale a pena tentar. A música é bonita.

PS - Penso que os guitarristas dos KD são capazes de achar piada...

Happy Days

Balaam And The Angel - I Love The Things You Do To Me. São uma das bandas que vai fazer a primeira parte dos Mission em Londres. Aliás, sei que me repito pois já tinha dito isto aqui. Não resisti a postar este vídeo pois há coisas que só entendemos anos, muitos, depois. Fui muito feliz a flirtar ao som desta canção. Há muito tempo. No Tempo dos Kaganisso, da real gana, da irresponsabilidade total. Sim, foram dias felizes. Como não?

NB - É muito kitsch, mas ainda hoje adoro esta merda. O refrão toca-me.

Back to classics

Killing Joke - Love Like Blood. Os 80's. Isto era a nossa música de dança. Ocarina, Juke Box, Incógnito, Tokyo ou Shangri-la. Grandes noites. Grandes vidas. Adoro esta música.

A subir

BELA vitória do Benfica em Guimarães. Saber sofrer é uma virtude pouco apreciada pelos portugueses hoje em dia. Não a desvalorizo. Os meus parabéns aos lamps. Foi bem merecido.

sábado, janeiro 26, 2008

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Stupid Joke

Dois litros de leite atravessaram a rua e foram atropelados. Um morreu, o outro não. Porquê?

Por que um deles era Longa Vida.

Projecto Azul - Projecto Azul

Este era um grande tema. Do tempo do RRV.

Ópera Nova - Sonhos

Mais recordações. Que cool...

Croix Sainte - The Life Of He

As recordações que isto me traz... Sei que o PI conhece, os outros não sei bem. Canções daquela idade. Onde andará o João? Que saudades. Adorava isto!

PS - E sei que a Tia Paula deve lembrar-se...

quinta-feira, janeiro 24, 2008

HERESY

he sewed his eyes shut because he is afraid to see
he tries to tell me what I put inside of me
he's got the answers to ease my curiosity
he dreamed up a god and called it Christianity
your god is dead and no one cares
if there is a hell I will see you there
he flexed his muscles to keep his flock of sheep in line
he made a virus that would kill off all the swine
his perfect kingdom of killing, suffering and pain
demands devotion atrocities done in his name
your god is dead and no one cares
drowning in his own hypocrisy
and if there is a hell I will see you there
burning with your god in humility
will you die for this?

NIN

...


Não me interessa por que morreu. Não tenho nada a ver com isso. Mas respeito um gajo que faz isto.

Heath Ledger - 04-04-1979, 22-01-2008


See you in Hell.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

ELE GANHOU


Mudhoney - Touch me I`m Sick - In Culto Club

São momentos como este que me fazem achar que valeu a pena...

...

Há feridas que se abrem que não são fáceis de sarar. São como ácido que te fura a pele e que não sabes como travar. É difícil aprender a viver com elas. Mesmo quando queres. Mesmo quando fazes tudo para isso. Mesmo quando és culpado. E essa é a realidade nua e crua que não sabes como alterar.

A culpa é terrível. As responsabilidades também. Bom seria poder não as assumir depois de as teres provado. É uma lição que levas da vida. Uma ferida, sim, mas das que aprendeste a curar. Sabes hoje que foste tão feliz quando pudeste ser. E como lá voltar. Por muito impossível que pareça.

O tempo cura todas as feridas, dizem. Não acreditas. O tempo que tudo cura deve ter sido noutros tempos que não os teus. Talvez a vida o faça. Essa é a tua esperança. A tua aposta. Acreditar em ti. Nos homens. Não em Deus, Buda ou Maomé. Sabes que a cura para as questões que se levantam não está aí. Não julgas quem o faça. Apenas não pensas assim. Deixa-te levar. Foi o que sempre fizeste. E o que te trouxe até aqui.

terça-feira, janeiro 22, 2008

I LOVE

...The life on the road. Yeah, and my blonde too.

I LIKE

...The good vibe on stage.

I HATE

...To think that we're going to play less.

I MISS

...Live concerts.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

BAUHAUS


ANDO constantemente a ouvir o novo álbum dos Bauhaus - "Go away white" - e ainda não consigo ter opinião. Acabei de o meter numa capinha para o PI e estava a pensar o que lhe dizer do disco. Muito pouco, pois ele não precisa. Tem essa grande vantagem, de ser um gajo que pensa pela sua própria cabeça. Mas ainda assim, na base da discussão musical, das que mais gosto de ter com ele, sinto-me ainda curiosamente muito inseguro quanto a este trabalho. Não por não ter qualidade, não é disso que se trata. Mas como se encara um cd de uma banda que já acabou e que se meteu 18 dias num estúdio, gravou as músicas fechada numa sala e depois os músicos gravaram as suas partes todas ao primeiro take? Obviamente, a primeira conclusão é que este não é um trabalho tecnicamente perfeito. Trim. Errado. É-o. Muito bom mesmo.


Bem, inclino-me para o facto de os Bauhaus serem uma banda especial. Uma banda que está na galeria dos génios e que não faz música para consumo imediato. E a verdade é que já ando com o cd há muito tempo a tocar e não só ainda não me fartei dele como não consigo transmitir o que me faz sentir. E sim, isso é, de facto, o que mais me intriga. Os Bauhaus conseguem colocar-me a adorá-los, irritam-me, puxam-me para cima e para baixo. Em suma, numa só palavra, acho o disco... genial.


Mas não. Ou seja... é um disco fodido de ouvir. Porque sentes que há músicas que se fossem um pouco mais trabalhadas seriam divinais. Assim são apenas muito, muito boas. Mas está lá a centelha. A centelha de génio que só reconheço a algumas bandas. Estes senhores têm-na. Há pormenores na voz do Peter Murphy, na guitarra do Daniel Ash, no baixo do David J e na bateria do Kevin Haskins que deliciam qualquer gajo que toque e cuja sua influência primária seja o pós-punk dos anos-80. Este disco, bom ou mau, fará as vossas delícias.


No fundo, uma espécie de "back to basics" muito apreciável. A par do disco dos The Gossip e do último dos Unkle, este "Go away white" é uma das melhores coisas que já me deram nos últimos tempos. Nos antípodas dos dois discos anteriores, mas com uma frescura/bafio que me deixam desarmado. Vou ali ouvi-lo outra vez...


PS: Vou repetir-me: Ouçam bem os dois últimos discos de Gossip e Unkle. São tão diferentes quanto maravilhosos. Nos primeiros um baixo e bateria ritmados para uma voz fantástica e uma mão cheia de canções cool de nos deixar uma tarde a ouvir sempre a mesma coisa. Nos segundos, a tecnologia ao serviço do rock. As vozes e as composições dos Unkle não podem deixar ninguém indiferente. Pode não se gostar. Indiferente? Não acredito.

AO GRANDE LÍDER

PARA além dos Bauhaus, hoje levo-te os Gossip. Posso estar enganado, mas acho que vais gostar muito...

The Gossip - Listen up

UMA das coisas que adoro nestes gajos são as linhas de baixo. É impossível passar ao lado do apelo bate o pé deste cabrão deste baixista. Uma espécie de mistura de disco sound com sons de Manchester que torna esta caldeirada de influências simplesmente irresistível. A batida está sempre lá e depois a voz dela. Uma verdadeira inspiração. Power gospel misturado com rock e dance music? Sei lá... Eu gosto.

The Gossip - Jealous Girls

Mais um bom tema...

THE GOSSIP EM GLASTONBURY

VERSÃO live, muito passada. Grande malha!

GOSSIP-STANDING IN THE WAY OF CONTROL

VERSÃO Vídeo Oficial

THE GOSSIP


NÃO conheço esta banda há muito. O Rui tinha um CD desde o Verão passado e uma música numa colectânea dizia-me que eles tinham qualquer coisa de especial. Hoje "Standing in the way of control" é já um hino para muitos e tornou-se mais fãcil conhecê-los. Confesso que só agora tive tempo para apreciar devidamente os Gossip. E é pena. Pois já perdi muito. Os The Gossip são uma banda fantástica, com temas a puxar para a pista de dança simplesmente deliciosos, mas com momentos também como "Coal to Diamonds" que os mostram capazes de dominar vários cenários. Tudo isto liderado pela possante Beth Ditto, uma figura por si só, uma vocalista excepcional. Por tudo. Até pela imagem. Seguem-se alguns vídeos. Ouçam. Vale mesmo a pena.
Na foto: Beth Ditto.

SPANISH CONNECTION




GOSTO. Gosto Muito. Penelope Cruz e Paz Vega. Principalmente da segunda. Menos mediática mas muito mais...

COMPREENDE-SE...


NÃO, não é elemento dos KD...

ENTREVISTA LUIZ PACHECO AO “SOL”

Eu sei que é enorme, mas é genial. Como era Luiz Pacheco, apesar de pedófilo, homo e passado dos cornos. Leiam, se tiverem paciência.



Quando mostrámos a capa do Exercícios de Estilo à entrada, reconheceram-no logo: ‘Ah, é aquele senhor alto e magrinho’.

Há quanto tempo está aqui no lar?
Cheguei há uns oito ou dez dias.
E já é reconhecido por toda a gente?
Não sou nada. Isto hoje é que é um acontecimento, não é? Aqui só o senhor da biblioteca é que lê. Estive um ano e meio com o meu filho e tinha um serviço de apoio domiciliário. Iam lá a casa, lavavam-me os tomates, o rabo e a merda, mudavam-me a fralda… Como me fazem agora aqui.
Tratamento de luxo...
Qual luxo? Ó pá… Ainda nem conheço a casa…
Mas, pelo que vimos, já faz sucesso entre as mulheres. Uma das auxiliares até nos disse que, no outro dia, tinha prometido escrever um livro para ela.
Está aí, é essa merda [aponta para cima da cama, para um exemplar em serigrafia de Comunidade]. Não é um livro, é um poema objecto, um investimento para despachar coisas do [Cruzeiro] Seixas, e foram buscar um texto meu. Nem sei quanto é que me deram. É o meu filho Paulo que recebe os dinheiros na conta, é o meu depositário. Esse gajo que eu não conhecia, da galeria, da…
… Perve.
Perde?! Nunca lá fui…
A galeria chama-se Perve. De ‘perversão’.
Qual Perve! Não me lixes, pá! É um gajo muito metediço – chamo-lhe ‘o urubu’ – que anda atrás de mim, do Cruzeiro Seixas, [e já tinha andado atrás] do Cesariny e daquele gajo de Sines, o Al Berto… O que eles querem é sacar espólios.
Já folheou o livro?
O texto é mais velho que a merda e os desenhos, vi um que me meteu medo e não quis ver mais nenhum. Mas aquilo é giro, porque é um investimento grande, acho que a serigrafia é muito cara. E está tudo numerado e assinado, para dar o ar de coisa rara. É uma golpada. Com todas as letras. Mas haja alguém que faça golpes destes.
O Luiz Pacheco também já deu algumas golpadas.
Já dei algumas.
Qual foi a pior?
Isso não posso dizer. E também não se avalia assim.
Qual a que lhe deu mais gozo?
Deram-me todas muito gosto. Tive aí uma actividade durante 50 anos [como editor da Contraponto]. O gosto que tenho é nos livros que vendi a cinco ou a 20 paus e hoje valem contos de réis. Também assinados, com dedicatórias, numerados. Agora é uma senhora, cunhada do Manuel Alegre, uma jornalista, que está outra vez a fazer edições da Contraponto.
Um dos últimos livros que o Pacheco editou foi Villa Celeste, de Hélia Correia, em 1999.
Ela agora fez um romance.
E tem publicado vários livros na Relógio D’Água.
Está a ter mais nome, até ganhou um prémio, parece-me. Já não a vejo há muito tempo. Quando eu estava em Palmela, foi lá com o marido, aquele rapaz dramaturgo, do Público, que também foi premiado… o Jaime Rocha… Ela escrevia lá para as Azenhas do Mar, porque gosta de ambientes húmidos. É gira. E um bocado tosca, maluca…
Mas era uma das escritoras novas de que o Luiz Pacheco mais gostava.
Era sim senhor.
Até porque entretanto já se tinha fartado do Pedro Paixão e do Miguel Esteves Cardoso.
O Pedro Paixão ainda é vivo, esse gajo?
É. E o Miguel Esteves Cardoso também.
Esse é um estupor. Ele, a mãe e o pai. É o gajo da televisão, não é?
Não. Esse é o Miguel Sousa Tavares.
Pois é. Desculpem. Não, do Esteves Cardoso gostava muito. Era um gajo giro. Depois fez aquela laracha d’ O Amor é Fodido. Os livreiros até tapavam o título. Conheço dois que taparam. Ele está a fazer o quê? Engordou muito, não foi?
Voltou a fazer crónicas para o Expresso, mas sem o mesmo sucesso de antigamente.
Nunca gostei muito dele em crónicas. Nunca me convenceu muito. Já o topava desde o Independente. Depois esteve numa revista com graça, a Kapa.
Como tem ocupado o tempo aqui no lar?
No outro dia houve festa com dançarinas sevilhanas. Desviaram as mesas, arranjaram espaço. E eu fiquei cá para trás. Puseram um disco desse gajo, o Quim Barreiros, que é o que toda a gente gosta. Aqui há muito barulho, mas é por causa das TV. Mas como quase não oiço nada do ouvido esquerdo, viro-me para esse lado e à minha frente estão os telespectadores.
Não tem seguido nada da televisão.
Vi uma coisa que não sabia que existia, que é a RTP Memória. Como é que a gente pôde gramar coisas tão estúpidas? Eram tão idiotas, tão impossíveis de ver. Aparecia o José Hermano Saraiva – eu detestava aquele filho da puta – que é um artista da aldrabice… Mesmo o Agostinho da Silva também me parecia um bocado aldrabão. E os programas com o Isidro, que é um belíssimo profissional e descobriu uma gaja daqui [do Montijo], a Dulce Pontes… Ela tem um vozeirão! Com o Herman José já não me consigo rir.
E os Gato Fedorento?
Nunca vi. Isso é de um filho da puta, aquele gajo, o Ricardo Araújo Pereira.
Que já o entrevistou para o Jornal de Letras…
Com o Rodrigues da Silva, um gajo que já conheço há muitos anos. Foram os dois entrevistar-me. E eu aí descaí-me, porque não estou aqui a fazer poses. Digo as coisas e depois o que sai é com vocês. Quero lá saber! Mas fui dizer que uma gaja me tinha feito um broche de pino. E o gajo meteu isso.
Mas de quem foi a culpa?
Fui na conversa. Saiu-me.
Era verdade ou não?
Puseram ali o broche de pino! O que é uma coisa de meter medo…
Por que ficou tão zangado se era verdade?
Era verdade, era! Um gajo fica deitado na cama. E a gaja faz-lhe o broche. Até aí, é como o outro. É trivial. Mas de repente é de pino: a cama está encostada à parede, ela faz o pino, abocanha, apoia os pés na parede, está para ali a funcionar e um gajo à espera que ela de repente caia, porque tem uma mão apoiada na cama. Um gajo, se pensa, começa a ver o perigo que aquilo é. Se ela, de repente, se chateia, perde o equilíbrio, e lá vai… Mas isto são coisas que saem, porque um tipo não está a fazer pose.
Não gosta que esse tipo de coisas saia nas entrevistas, é isso?
Não é não gostar, é o espanto que provoca nas pessoas.
Está para sair um livro com entrevistas suas.
Esse livro é uma merda! Isso é de um gajo que publicou o diário na D. Quixote.
O João Pedro George?
Sim.
É seu amigo, não é?
Acho que não.
Mas vai escrever-lhe a biografia.
Isso é uma aldrabice. Se ele está convencido de que eu acredito nisso, nunca acreditei. Um gajo, quando vai escrever uma biografia, tem de pedir logo um documento, que é a certidão de nascimento. Ele falou com muita gente. Mas anda a apalpar terreno. Agora, esse livro [de entrevistas, O Crocodilo que Voa, da Tinta-da-China] não saiu ainda. Saiu um no Porto, pequenino, que diz na badana ‘Luís Pacheco é asmático, bissexual, filho único, alcoólico, cadastrado’. Isto não é de um gajo que vai fazer uma biografia. É acintoso. Então eu tenho a culpa de ser asmático? Asmático, sim; bissexual, suponhamos; cadastrado? Ele nem sabe o que é um cadastrado. Matou 100 pessoas ou roubou um papo-seco, vai parar à prisão e é um cadastrado. Esse gajo tem uma moralidade muito duvidosa. É bom para andar por essas pequenas editoras.
Convenhamos que a vida do Luiz Pacheco é apetecível para qualquer biógrafo.
Assim como me desaparecem criancinhas, também me aparecem criancinhas. Apareceu-me no lar do Príncipe Real uma rapariga. Perguntei-lhe o que era: ‘Ah, eu vinha para lhe ler textos, como o senhor não vê…’. Disse-lhe para entrar e que não tinha dinheiro para lhe pagar. Ela respondeu que era tudo voluntário. Adeus! Um gajo pensa: ‘O que é que esta quer?’ Nem percebi.
Mas ficou por aí a conversa?
Não, ela foi lá várias vezes. Levou-me livros, levou-me discos. Um dia foi lá e apareceu este maluco, este João Pedro George.
A quem dedica o Diário Remendado: ‘um colaborador impecável’ e ‘meu biógrafo improvável’.
Está lá ‘improvável’? Nunca acreditei! Ele cortou, emendou… Nunca li isso. Li bocados e com muita dificuldade. São urubus. São parasitas, que vêm com uma golpada, biografias, isto, aquilo e aqueloutro. Adeus!
Sempre aceitou ser operado à vista? Andou anos a dizer que ‘nem pensar’.
E não queria. Mas fui. Fiquei melhor com a operação e agora vejo outra vez pior. Isto foi uma rapariga que me apareceu, para fazer uma entrevista, não me lembra para onde [para o Correio da Manhã]. Vocês são capazes de a conhecer, porque ela é um mulherão... Miriam Assor! Telefonou-me e eu disse ‘apareça’. Porque, assim de repente, qualquer visita é bem-vinda – se depois não for, põe-se na rua… Apareceu-me com um fotógrafo muito chato, assim como o vosso. Mas essa rapariga não tinha pretensões nenhumas e era muito simpática. Isto foi em Março e, às tantas, a conversa caiu na vista, nas cataratas, e ela disse-me ‘Tem de ser operado e tal. Venho cá buscá-lo no dia 26 de Abril’. Pensei que ela nunca mais se lembrasse daquilo, mas lá telefonou ao meu filho e veio. Achei-lhe graça e fui com ela. Até porque me faziam tudo de borla. E olhem, correu bem.
Por falar em borla, tem conseguido equilibrar as suas finanças?
Ainda estava no lar do Príncipe Real quando, com a história daquela Manuela Ferreira Leite e do défice dos três por cento, vi a coisa mal parada. Porque eles dão-me, há anos já, um subsídio. Foi até o Tio Patinhas, o Balsemão, que, quando foi primeiro-ministro – não foi muito tempo, mas foi – deixou lá um saco azul, um buraco que não tinha cobertura legal nenhuma. A certa altura, arranjou um decreto em que instituía o chamado ‘mérito cultural’. O Alçada Baptista tinha-me encontrado na Avenida da República e, como sabia que eu estava muito à rasca, a viver mal, tinha-me perguntado: ‘Ó Pacheco, não lhe convinha uma bolsa de sete contos?’. ‘Ó Doutor António, se você me falasse num conto de réis, eu ainda acreditava, agora sete contos não acredito; mas é claro que me fazia jeito’. Depois saiu o decreto do Balsemão e solicitei a bolsa. Primeiro foram dez contos, depois vinte, foi subindo.
Até que Santana Lopes lhe atribuiu um valor mais razoável: 600 euros.
Havia uma senhora, que ainda é viva, a Maria João Rolo Duarte, mãe do Pedro [Rolo Duarte]. Nunca a conheci, mas ela tinha uma página de espectáculos e televisão n’A Capital e começou a escrever uns textos: ‘Então o Luiz Pacheco não tem um subsídio capaz?’. Uma vez, encontrou o Santana Lopes, o Pedro… Bom rapaz, não lhe perdoam por ser um gajo das discotecas e por ter mulheres boas. E ele é bonitote, acho que até ganhou em Lisboa por causa disso, porque as mulheres são mais do que os homens e o voto não é assexuado. Bom, mas a Maria João encontrou-o numa recepção qualquer e disse-lhe: ‘Ó senhor doutor, então o Luiz Pacheco tem um subsídio tão baixinho?’. E tinha. Ele prometeu-lhe que me ia dar mais dinheiro. E deu. Ao fim de uns meses, recebi um aumento de 60 contos. Com retroactivos, foi uma abada bestial.
E Sócrates, já lhe deu algum aumentozinho?
O Sócrates não. Agora não sei quanto é que vai dar [de aumento].
Mas já não vive como viveu em tempos, sempre à espera que alguém lhe trouxesse pão ou uns trocos.
Não. Vivi este tempo todo, e não vivi do ar. E com filhos à roda.
Muitos filhos.
Em Setúbal, cheguei a ter dois de uma rapariga e dois da irmã: quatro. E a miúda, coitada, comia mal. Porque era assim: para pagar um copo de vinho, aparecia sempre um maluco qualquer, ‘Beba’. Mas para uma sandes já não era assim. Vocês conheceram o Cabeça de Vaca?
Não.
Era um crava excelentíssimo. Andava pelo cais, na zona onde as pessoas almoçavam e jantavam. Uma vez apareceu e disse a um: ‘Ó fulano, não me dás 50 paus para a dormida?’ E o outro gajo, ‘Ò pá, queres almoçar? Senta-te aí’. O outro encheu-se e, depois de almoçar muito bem, ‘Então e os meus 50 paus?’ Não perdoou. Esse Cabeça de Vaca não fazia absolutamente nada. Dizia-se escultor, mas nunca vi escultura nenhuma dele. Andava para aí a foder quem podia. E tinha, de facto, um treino… É claro que acabou completamente podre. Eu agora, com a reforma da Inspecção-Geral de Espectáculos e com o subsídio…
… Já não tem medo que lho tirem?
Creio que não. Porque 120 contos [600 euros] por mês, no orçamento do Estado, é uma merda. E, gajos com a minha idade, está tudo quebrado e há uns que desaparecem. De maneira que posso ter este pequeno luxo [o lar]. Mas o que me dão não chega para isto.
Houve fases em que as prostitutas eram uma das suas grandes fontes de despesa. Conta-se que se estreou com uma certa ‘Arco Royal’. Quer contar essa história?
Sim, era uma puta que metia medo, ali na Mouraria – não havia Martim Moniz. Havia umas fulanas a passear, com um ar muito chateado, e eram baratas, para aí a 20 paus – eu era um avarento maluco com as putas. Aquilo foi uma aventura, porque 20 paus era muito dinheiro para um estudante do Camões. Fui lá com um colega, também era a primeira vez dele.
Não foi dessa vez que teve uma história qualquer com uma peça de fruta?
Já viram o que é um gajo estar a dar uma foda e a gaja a comer uma maçã à dentada? Também, despachei-me logo…
Que idade tinha?
Teria aí 15 ou 16 anos. Nesse tempo, para se foder uma rapariga… Só aqui há poucos anos é que reparei nisso: gajos com automóvel ou com dinheiro fodiam o que queriam, mas um gajo que não tinha nada, nem era bonito sequer, para dar uma foda… Até fui preso cinco vezes por causa dessa merda: foder miúdas, que era o que se aproveitava. Era apanhar miúdas cheias de tesão e atacar.
Muito antes disso, aí pelos 11 ou 12 anos, houve um poeta alentejano que foi ter consigo, o Acácio Gomes Guerra.
Acho que fui enrabado.
«Mas não muito», segundo esclareceu mais tarde. O que quis dizer com isso?
Quer dizer que não fui enrabado todos os dias.
Não foi uma violação de menor, como se diz agora.
Isso é tudo conversa, porra! Aquela Casa Pia é um caso chapado de estupidez nacional! Os gajos que iam lá sabiam que havia uma boa feira de rabos de paneleirotes. Aquilo era prostituição de menores. Um gajo que engate um puto aí na rua, faz-lhe broches. Não vai enrabar o puto. Isso não é assim. Bom, mas eu estava a falar há bocado da dificuldade que os rapazes do meu tempo tinham para foder. Havia quem tivesse irmãs, primas e amigalhaças. Havia muito disso, até em casas que não eram do nível de dormirem todos na mesma cama, em casas já com dinheiro… o mais velho fodia aquela merda toda, as irmãs todas.
Disse que teve problemas por se envolver com raparigas menores.
Nessa altura, as raparigas tinham de manter o virgo para o casamento. Um tipo que topasse a miúda excitadíssima e cheia de comichões, ia-lhe para cima, e depois como era? Cadeia. Estive três vezes preso no Limoeiro e duas nas Caldas. A vida sexual deu um salto enorme. E não foi no 25 de Abril, foi antes, em 68 ou 69. Nessa altura, conheci muitas meninas universitárias que descobriram o sexo e o passaram umas às outras.
O Luiz Pacheco sempre assumiu que era bissexual.
Não assumi nada!
Como não? Alguns dos seus textos são explícitos a esse respeito, já para não falar de quase todas as entrevistas que deu.
Não, alto aí! Isso foi o meu filho que disse naquele documentário que passou na RTP 2.
Disse numa entrevista ao Baptista Bastos, em 1994: «Desde que haja cumplicidade, ou vai com jeito ou com sabão, ou vai com mulher ou com homem, com um efebo; (…) desde que se goste de pessoas, raparigas, porque, na verdade, nunca tive paixões por nenhum gajo».
Não, não. Isso… Ó pá, isso… Adeus! Vocês não fazem ideia do que é esta merda… Chega aqui o jornal e nunca mais me largam. Para um gajo que está aqui preso… E depois, isso não é importante.
Mas está muito presente na sua escrita. Por exemplo, em O Libertino Passeia Por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor.
No Libertino não se passa nada.
É um trajecto de ‘negas’.
Negas atrás de negas. Mas há um bocadinho de frustração nisso. Porque a questão de um gajo não ter dinheiro na algibeira é chata em todos os sentidos. Para ir às putas, 20 escudos. Para dar ao magala, 20 paus. Não tinha. O Libertino é um trajecto de frustração e de bebedeira. Eu vinha de Vieira do Minho, de uma almoçarada maluca, e andei atrás de uma miúda [de 14 anos] que era, de facto, muito gira. Já deve ter morrido. Agora, por ver aqui estas velhotas, ponho-me a pensar como não estarão as raparigas que conheci com 15 e 16 anos. Porque elas também envelhecem, coitadas.
Por falar nisso, mantém contacto com as mulheres com quem viveu e com quem teve filhos?
Não. Quando corto, corto. Com a minha primeira mulher, a Helena – casei com ela no Limoeiro [era menor] – a vida foi azedando. De repente, há uma espécie de ódio conjugal, de não se poder ver a pessoa nem à mesa, quanto mais na cama. Há um cansaço muito grande. Agora acho que há mais diversidade, as pessoas variam. Há mais mulheres casadas a darem as suas pinocadas, e fazem muito bem. Depois de já ter vivido com a Maria do Carmo e com a Irene [irmã menor desta – Pacheco engravida ambas], a Helena pediu o divórcio por ausência do lar. Ao fim de sete anos, aquilo é automático. A mulher arranja duas testemunhas que atestem que fulana e sicrano não vivem juntos há X anos e o juiz decreta o divórcio. Que também é chato, porque um casal que vive junto não sei quantos anos, que tem filhos, passou dificuldade mas também teve horas boas, de repente… Estava na Caldas, vim a Lisboa, e diz-me um amigo meu: ‘Lá fui ao tribunal.’ ‘Foste ao tribunal fazer o quê?’ ‘Fui ao teu divórcio’. ‘Ao meu divórcio?!’, ‘Ai não sabias que estavas divorciado?’
Ela não o avisou de que ia pedir o divórcio?
Para quê? Ela estava em Lisboa e eu nas Caldas. Não valia a pena, não era preciso para nada. Mas fiquei como quem leva um pontapé. Em 100 metros de passeio, aquilo passou-me. Essa arranjou outro gajo, teve uma filha que deu cabo da vida dela, morreu. Com a Maria do Carmo tive dois filhos. Ela levou-me à Macieira, à Sertã. Cheguei lá, conheci a irmã [a menor Maria Irene], ‘Espera aí que esta não escapa’. Não escapou. A Maria do Carmo veio-se embora para Lisboa com a nossa filha, deixou-me lá com o outro pequeno e eu forniquei a irmã, que ficou grávida. Vim para Lisboa e, mais tarde, vivi com as duas no mesmo quarto. Foi um caso sério.
Não tinha descanso.
Foder duas raparigas da Beira com 14 e 18 anos, cheias de tesão… E depois não é isso: é que a mais velha dormia comigo e a irmã dormia com um sobrinho num divã. Então, de noite, a outra [Maria do Carmo] fazia fodas de grande rebaldaria para incomodar a irmã, que estava grávida. É claro que assim que a mais velha saía para o emprego, a outra vinha para a cama e eu tinha de lhe dar outra foda. Também só aguentei assim oito dias.
Como é que resolveu a situação? Foi-se embora?
Não. Aquilo deu porrada: as duas irmãs, eu com a mais velha… Tive muita sorte, porque não houve mortes, e podia ter havido. Depois fui com a mais nova e com os meus filhos para Setúbal. Nessas coisas, não há como a ausência geográfica. Agora no mesmo quarto, porra! Em Setúbal, a Irene pôs-me os cornos – fez muito bem – com um rapaz da idade dela, ou mais novo, nem sei. E eu, ‘espera aí’, fiz o que um gajo naquela situação pode fazer: sacar a cona da mulher da pichota do amante. Arranquei com ela para as Caldas.
Deu-lhe barbitúricos, segundo consta.
Não dei nada.
Isso está escrito algures, numa entrevista.
O que um gajo escreve é sempre invenção.
Embora o Luiz Pacheco diga que não tem grandes dotes de imaginação, que a sua fantasia é muito pobre.
É verdade. Tenho a plena noção disso.
O que não impede que, pelos vistos, haja muita coisa imaginada a seu respeito.
Quero lá saber! Como é que posso evitar isso?
A questão é essa: não evita, contribui alegremente.
Deixa-os berrar! Quando falo em conter-me por estar aqui é por me sentir um bocado dependente.
Não deixa de ser irónico vê-lo numa posição em que sente que é melhor não falar das coisas.
Não, espera aí! Nunca tive vergonha nenhuma de ser preso nem de nada. Agora, aqui é diferente, porque estou num estado de muita fraqueza. Vim para aqui a cair para o chão.
Quando se lê os seus textos percebe-se que, mesmo nas relações que manteve com menores, mais do que uma mera perversão sexual, havia um amor profundo por aquelas raparigas.
Não é só isso. Estava numa fase de muito alcoolismo, embora à base de copos de tinto e cervejas, porque não aguentava bagaço, whisky e coisas do género. Mas era aquele alcoolismo muito chato de um gajo acordar de manhã e se não bebe, treme. Tive a coragem, ou a sabedoria, de fugir a isso. Mas não fugi sozinho. Foi uma luta de anos. Andei meses em ambulatório, estive duas vezes internado no Júlio de Matos e outras tantas em Coimbra. No internamento havia a vantagem de ter cama, casa e comida. Fui parar duas vezes ao Rego, porque tinha lá uma médica amiga que arranjava maneira de me internar. Diagnóstico: ‘diabetes descompensada’. Comia, era injectado com vitaminas e depois vinha-me embora. E também estive por cinco vezes no sanatório do Barro [perto de Torres Vedras]. Vocês não fazem ideia, por muita habilidade que haja, do que é um gajo viver sem emprego. Estive sem emprego anos e anos. Cheguei a viver em escadas, uma vez ou duas.
Estava sempre no ‘prego’.
Em Setúbal, havia um prego em que os pescadores empenhavam camisolas interiores, roupas beras. Uma vez deram-me um fato bom e eu não o vesti. Foi logo para o prego.
Até a máquina de escrever chegou a ir.
Essa ficou lá. Quando cheguei com a Irene às Caldas da Rainha, fui logo saber onde era a casa de prego. Levava um ferro eléctrico e uns talheres de prata – na minha casa comia-se com talheres de prata. Comia eu, porque o meu pai punha-os no prego – nos meus não tocava.
A Irene e as outras mulheres que viveram consigo não ambicionavam outra vida?
Piraram-se.
Por isso?
Eu também ajudei à festa. A minha primeira mulher ficou grávida pela terceira ou quarta vez – já tinha feito desmanchos – e eu queria ir-me embora. Ela disse-me: ‘Se sais de casa, faço um desmancho’. ‘Isso não podes, senão morres’ – ela tinha uma doença cardíaca. Fiquei, aluguei casa, mobilei-a, pus telefone e, quando o bebé nasceu, disse que o choro me incomodava de noite. Era mentira, nunca tive disso, porque um bebé só chora de noite por duas razões: ou porque tem fome, ou porque está mijado. Essa pediu o divórcio e ficou tudo acabado. A Maria do Carmo disparatou porque fugi com a irmã. Com a irmã, nas Caldas, tínhamos casa, dois filhos…. A pergunta é: como é que este gajo se aguentou?
Pois, como?
Tive gente que me ajudou. Por ser bonito? Não. Foi gente que me apareceu, como o Mário Soares. Costumo repetir isto, porque acho que é bom que as pessoas saibam que esses gajos grandes também são capazes de coisas assim. Se calhar, não vos passava pela cabeça que o Santana Lopes, o putanheiro da 24 de Julho, tivesse actos desses. Mas também tem. Aliás, nunca vi o homem.
Estava a falar de como conseguia aguentar-se com uma vida tão desregrada.
Terra onde chegava, aparecia-me alguém.
Há um texto em que fala de ter um emprego das nove às cinco ou viver como se quer. ‘Vou ter prazer na vida, fazer o que bem entendo’. Isso decide-se assim?
[Risos]. Não, são coisas que aparecem. E depois houve o 25 de Abril, que deu dinheiro a muita gente, não só a mim. Não é escolha, é feitio, são acasos. A vida é muito variada.
Mas parece uma opção, até porque saiu daquele emprego seguro na Direcção-Geral de Espectáculos.
Adorava desempregar-me. O Nicolau Santos, que foi director do Diário Económico (DE) e que agora é vice-director do Expresso, pagou adiantado e convidou-me a ir para o DE. Havia uma página de regabofe, de crítica de cinema, uma coisa de artes. Durante meses escrevi para lá. Aquilo era pago, primeiro, a 30 contos. O que era muito bom na altura. Mais tarde passou para 35 contos. Depois disseram-me que fazia parte de uma grupo que ia ser saneado no jornal. O Nicolau perguntou-me se não queria ir para o Público e saí do DE. Quando lá cheguei, disseram-me que não podia escrever como escrevia. Era na revista, onde estavam o Lobo Antunes e um psiquiatra qualquer. Davam-me 50 contos por crónica.
Quanto tempo durou essa colaboração?
Trabalhei lá até o Nicolau sair. Houve qualquer merda lá no Público, gajos despedidos, e ele saiu. Estive no Público com outros novos colaboradores e era ‘escritor e polemista’. ‘Ai querem que eu vá para aí fazer sangue?’ Tinha jeito para a porrada, sim…
Era uma espécie de Vasco Pulido Valente bolchevique.
Era. Mas só dei porrada em dois gajos. No Esteves Cardoso, porque, de repente, tinha um nome muito acima do que vale. Não é mau rapaz, mas é um bocado pateta. E dei a outro, que não conheço pessoalmente, o José Eduardo Agualusa. Um gajo que lá havia, o [Torcato] Sepúlveda fez-lhe uma punheta, escreveu sobre o romance dele, Nação Crioula. E então pensei: ‘Este gajo, o Sepúlveda, não vê que o outro é um aldrabão?’. Vai daí, dei uma porrada ao Agualusa, mas a porrada era também para o outro. Isso deu-me gozo, fiz o gosto ao dedo.
Mas foi-se embora outra vez.
Depois saiu o Nicolau, e eu, nem é tarde nem é cedo, escrevi-lhe: ‘Não somos siameses mas você é que me meteu no Público. Você sai, eu também saio’. Agora, o gozo que dá um gajo abandonar o emprego…
Esteve muito tempo na Direcção-Geral dos Espectáculos.
Entrei em 1957 e estive lá 14 anos. Como é que se arranja empregos? É por conhecimentos. O meu pai era amigo de um chefe de secretaria e foi lá comigo. Iam abrir seis vagas em Janeiro. Fui logo a correr. Tinha a vantagem do cartão da Inspecção, que permitia chegar a um cinema, a um teatro, ou a uma praça de touros, e entrar.
E a saída, como foi?
Outra grande alegria. Fui lá uma manhã e escrevi um requerimento ao ministro a pedir a demissão.
Porquê?
Já não podia ver aquela merda. O chefe de serviço até me perguntou: ‘Então o senhor Pacheco está a fazer mais um livro?’ De repente, ganha-se asco aos ambientes.
E depois andou sempre desempregado?
Não, tive vários empregos. Uma pequena crónica, a 30 paus, no Notícias de Teatro. ‘O Solnado vai deixar o Maria Vitória e vai para a revista tal’. Também escrevi para o Norte Desportivo, um jornal de desportos. E estive no Volante, de onde até saí duas vezes. Ganhava pouco, eram empregos foleiros. Nunca tive um emprego como o do DE. Aí pagavam mesmo. E havia as editoras. A D. Quixote pagou-me durante dois anos 60 contos por mês. Mas algumas editoras pagavam, outras não. Por exemplo, a Estampa, que editou esse livro [aponta para um exemplar de Exercícios de Estilo], acho que não pagou a terceira edição.
Mas a literatura deu-lhe fama. Ainda é muito procurado?
Ligou-me uma rapariga, a Ana Almeida, lá para o lar onde eu estava, no Príncipe Real, a dizer ‘queremos fazer um filme sobre a sua vida’. Respondi-lhe ‘não me chateie! Com licença. Pumba!’ [gesto de desligar o telefone]. E apareceu-me uma de vocês que anda aí, com um nome grego [Sarah Adamapoulos], que tem um livro e escrevia para O Independente. Apareceu-me lá e disse ‘Ó Luiz Pacheco, aquela coisa da TV vem depois do negócio’. E eu ‘do negócio? O que é o negócio?’ ‘É que aquilo é pago’. ‘Ah, não me falaram nisso! Então quanto é que pagam? Sou um autor muito barato’ [risos]. ‘Pagam dois mil euros’, disse ela. Era um bocadinho de massa… ‘Então o que é que é?’. ‘Ah, eles vêm cá filmar’. Lá vieram duas manhãs ou duas tardes filmar-me como quiseram. Foram como este gajo [o fotógrafo do SOL]. Foi simpático. O que é que se pode dizer? Esses gajos fizeram um programa com o Ramos Rosa, comigo, vários documentários. Têm outro sobre o Vitorino Nemésio que já está pronto. O Vitorino Nemésio foi meu professor…
Deu-lhe 18 valores.
Deu-me 18, mas eu não percebi um texto [risos]. Tinha era capacidade de escrita. E tive 15 a Latim. Fui o melhor aluno e, no acesso à universidade, era o gajo mais bem classificado.
Não pagou propinas durante um ano inteiro e esteve a assistir a aulas…
Na altura, eu tinha uma bagagem… Quando acabei o liceu – não era um aluno muito especial – foi meu professor o avô deste que morreu agora, o Eduardo Prado Coelho, chamado A. do Prado Coelho. Nunca soube o que era o ‘A’. Dizia ele: ‘recomenda-se o máximo silêncio’. E depois punha a gente, no 3º período, no liceu Camões, na Primavera, a recitar ‘A Balada da Neve’. Tínhamos de gramar aquela merda todas as aulas! E eu, como era o melhor aluno da turma – a Português, não era a tudo – um dia comecei a recitar: ‘Batem Leve, levemente/Como quem chama por mim’… As janelas estavam abertas – davam para o jardim, muito sol, Primavera – e, de repente, esqueci-me da continuação. Parei. Ele olhou para mim e eu disse ‘Sotôr, esqueci-me, desculpe’. Fui para o lugar.
Naquela fase em que largou os empregos, quando escreve a Comunidade estava mesmo convencido de que era possível viver assim?
Às vezes espanto-me. Mas em Setúbal tive muitos apoios. O [jornal] Setubalense empregava na altura. Ganhava por semana, como revisor tipográfico, 90 paus mais seis por cento para o desemprego. Na altura, em 1963, 90 paus já era dinheiro. Depois, o Manuel Vinhas pagou-me 500 escudos durante seis meses. A renda da casa eram 300 paus e ainda ficavam 200 para qualquer coisa. Não há milagres. Nunca conheci o Vinhas. Escrevia-lhe uma carta e vinham dois contos, era dinheiro.
Mas teve outros ‘mecenas’.
Havia o António, das Caldas da Rainha, que me ajudou muito.
Quando é que deixou de acreditar na possibilidade daquele modo de vida, naquele ideal romântico?
Não… Ideal, o caneco!
A Comunidade é um texto muito sentimental.
Mas não é piegas.
Demonstra um grande amor pelas pessoas que estavam à sua volta. Diz que se pode viver à base do amor, que é a ideia mais romântica que pode haver.
Vocês não têm noção disso, mas há ali pequenas insinuações, pequenas reticências: o que pensa uma mulher, uma mãe, a dar leite ao filho? Quem é que pode adivinhar?
A quem acha graça hoje em dia?
Agora acho muito pouca graça. E aqui então não se pode. Já mandei uma gaja aí à merda. Porque isto é um ambiente deprimente. Sexualmente isto é um desgosto. Mas aqui há namoros! É claro que vocês estão cá meia hora e depois arejam. Mas para a pessoa que cá fica… o que vale é que estou isolado... Também é muito cedo para dizer que estou mal. Ainda estou a experimentar. Em oito dias, só hoje é que fui conhecer o andar de cima. Ainda me desnorteia, não sei onde é o elevador. De resto, isto parece-me muito bom. É melhor do que eu supunha. Mas é difícil achar graça a alguma coisa com esta idade. Tenho 82 anos, porra! Há aquela coisa que é a PDI, a Puta Da Idade, o caruncho...E o velho, geralmente, é egoísta. Ou é mais egoísta do que o novo. Mas estou a falar de coisas muito tristes…
Convenhamos que, ao longo da vida, o Luiz Pacheco também não se tratou muito bem.
Não, tratei-me! Fui conservado em álcool. A questão é que não havia dinheiro para grandes rambóias. Não estou taralhoco de todo. Estou é um bocadinho desmemoriado e tomo muitos medicamentos.

PREVISÕES PARA 200...

Manoel de Oliveira grava sequela de Aniki Bóbó utilizando apenas câmaras de vídeo vigilância da zona da Ribeira no Porto.

Sempre inspirado por Sarkozy, mas à sua escala, Luis Filipe Menezes começa a namorar com Mafalda Veiga.

Carlos Cruz é nomeado director de programas da RTP.

BCP lança campanha de spread zero para militantes do PS com as quotas em dia.

Joe Berardo inscreve-se em curso de terapia da fala e já consegue cantar as canções mais complicadas de Sérgio Godinho.

ASAE lança franchising de restaurantes de fast-food.

Galp descobre petróleo debaixo do capachinho de Fernando Gomes.

José Mourinho é vencedor da Liga do Jornal Record.

Pedro Santana Lopes assume paternidade de Ribau Esteves.

Selecção Nacional de Rugby ganha finalmente um jogo.

Marques Mendes só é visto no último trimestre de 2008 numa câmara de vigilância da Zara Kids.

Tratado de Lisboa fica sem efeito pois Sócrates rubricou "Sócrates O Magnifico" em todas as páginas.

Isaltino Morais é o primeiro presidente de câmara a usar pulseira electrónica.

Ministro da saúde Correia de Campos encerra-se no seu próprio gabinete e engole a chave.

Governo escolhe a barragem do Alqueva para localização do novo Aeroporto de Lisboa. A grande obra de engenharia obriga à drenagem e terraplanagem da barragem, só o orçamento da obra demorará 2 anos a ser feito.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS...

ASAE decidiu inspeccionar uma missa na Sé de Lisboa para verificar as condições de higiene dos recipientes onde são guardados o vinho e as hóstias usadas na celebração. Depois de sugerir ao cardeal que se assegurasse que as hóstias têm um autocolante a informar a composição e se contêm transgénicos e que o vinho deveria ser guardado em garrafas devidamente seladas, os inspectores da ASAE acabaram por prender o cardeal já depois da missa, depois de terem reparado que D. José Policarpo não procedia à higienização do seu anel após cada beijo de um crente.
A ASAE decidiu encerrar a Sé até que a diocese de Lisboa apresente provas de que as hóstias e o vinho respeitam as regras comunitárias de higiene e de embalagem, bem como de que da próxima vez que cardeal dê o anel beijar aos crentes, procede à sua limpeza usando lenços de papel devidamente certificados, exigindo-se o recurso a lenços descartáveis semelhantes aos usados nos aviões ou nas marisqueiras, desde que o sabor a limão seja conseguido com ingredientes naturais.
Sabe-se ainda que a ASAE inspeccionou igualmente a sacristia, para se assegurar que D. José, um fumador incorrigível, não andou por ali a fumar um cigarro, já que não constando nas listas dos espaços fechados da lei anti-tabaco, as igrejas não beneficiam dos favores dos casinos, pois tanto quanto se sabe o inspector-geral da ASAE nunca lá foi apanhado a fumar uma cigarrilha.

sábado, janeiro 19, 2008

VOU DORMIR


ON TOUR


OS KD on tour pela Escandinávia. Aqui, apanhados em plena acção, no mais famoso bar de putas de Roskilde. Fomos pagos em sevícias sexuais que não mais esqueceremos.

ABRE, ABRE


EPÁ, preciso de espaço, foda-se. Tirem-me daqui estes dois pares de jarras. Abre, abre, preciso de espaço...

I BELIEVE


QUEREM ver que o Sporting perde com o Lagoa? Uff... pior só levar com as torres gémeas dos KD... E o disco será desta? I believe in CD's, but they no longer believe in me...

SORCERER


QUEM canta seus males espanta? O feiticeiro agradece. A vida mudou. Os anos passaram. A felicidade chegou. Porquê adiá-la? Porque não assumi-la? A cantar...

AH, FADISTA!


A presença de um líder faz sempre falta numa família. Na nossa também.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

AO MONGE

Já tenho o que me pediste. Levo segunda-feira.

PS: Sr. Inácio, a si levo-lhe os Bauhaus.

PS2: Beijos a todos.

CHANGES

Às vezes só nos apercebemos do nosso egoísmo quando fazemos alguém tão feliz com tão pouco.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

VIDAS

DIÁRIO DELA: Ele ficou esquisito a partir de sábado à noite. Tínhamos combinado encontrarmo-nos num bar para beber um copo antes de jantar. Andei às compras a tarde toda com as amigas e pensei que o seu comportamento se devesse ao meu atraso de vinte minutos. Mas não. Nem sequer fez qualquer comentário, como lhe é habitual. A conversa e o sítio não estavam muito animados, por isso propus irmos a um lugar mais íntimo para podermos conversar mais tranquilamente. Fomos a um restaurante caro e elegante. A comida estava excelente e o vinho era de reserva. Quando veio a conta, ele nem refilou e continuava a portar-se de forma bastante estranha. Como se estivesse ausente. Tentei rodar os assuntos para fazer com que se animasse mas em vão. Comecei a pensar se seria culpa minha ou outra coisa qualquer. Quando lhe perguntei, disse apenas que não tinha nada a ver comigo. Mas não me deixou convencida. No caminho para casa, já no carro, disse-lhe que o amava. Ele limitou-se a passar o braço por cima dos meus ombros, de forma paternal e sem me contestar. Não sei como explicar a sua atitude, porque não disse que me queria como faz habitualmente. Simplesmente não disse nada. Começo a ficar cada vez mais preocupada. Chegámos por fim a casa e, nesse preciso momento, pensei que ele me queria deixar. Tentei fazer com que falasse sobre o assunto mas ele ligou a televisão e ficou a olhá-la com um ar distante, como que a fazer-me ver que tudo tinha terminado entre nós. O silêncio cortado pelo filme era sufocante. Por fim, desisti e disse-lhe que ia para a cama. Mais ou menos dez minutos depois, ele entra no quarto e deita-se a meu lado. Para enorme surpresa minha, correspondeu aos meus beijos e carícias e acabámos por fazer amor. Não foi tão intenso como normal mas ele pareceu gostar. Apesar de continuar com aquele ar distraído que tanto me aflige. Depois, ainda deitada na cama, resolvi que queria enfrentar a situação e falar com ele o quanto antes. Mas ele já tinha adormecido. Comecei a chorar e continuei a fazê-lo pela noite dentro, até adormecer quase de manhã. Estou desesperada, já não sei o que fazer. Estou praticamente convencida que os seus pensamentos estão com outra. A minha vida é um autêntico desastre!

DIÁRIO DELE: O Sporting voltou a perder. Ao menos a minha mulher não estava com dor de cabeça...

terça-feira, janeiro 15, 2008

BAUHAUS

APENAS uma certeza: Não entra à primeira. Mas bem vistas as coisas, essa nunca foi uma das principais características de Peter Murphy e sus muchachos. Vou continuar a ouvir.

A PROPÓSITO

JÁ cá canta o novo dos Bauhaus. Estou a ouvir agora. Ainda sem opinião formada. A primeira não engana. E bom som. Depois digo mais qualquer coisa.

"THERE WILL BE

Another time for you and me. I can see. There's got to be".

Adoro isto.

PASSEI POR AQUI

...SÓ para dizer aos KD que a factura da EDP está regularizada. Inté.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

INTERVALO

Depois da grande campanha do BES com o Cristiano Ronaldo....

"O Cristiano é como o dinheiro, parado não rende!!!"

Vai ser feita uma nova campanha com o Nuno Gomes e tudo trocando apenas umavírgula de lugar:

"O Nuno Gomes é como o dinheiro parado, não rende!"

domingo, janeiro 13, 2008

?

E não será azar a mais para uma só equipa?

SOUBE BEM

...matar saudades.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

AI DECISÕES, DECISÕES

ESTA coisa do aeroporto de Lisboa não deixa de ter a sua piada. E há tanta gente sem vergonha. Há assuntos sobre os quais não há pachorra para opinar. É tudo tão sujo...

quarta-feira, janeiro 09, 2008

QUESTÕES DE FAMÍLIA


algum tempo li um comentário a um post que me incomodou. Porque não estava à espera. Porque achei injusto. Porque considero que a pessoa que o escreveu vale mais do que aquilo que deixou transparecer. Não respondi de propósito. Às vezes não controlo a minha escrita, não raras vezes sou mal interpretado, por isso preferi falar com ela sobre o caso. Aconteceu à primeira vez que nos cruzámos. Debatemos argumentos. Chegámos à conclusão - curiosamente óbvia para ambos - que é mais o que nos une do que o que nos afasta. Atenção, isto não se trata de desculpas, apesar de ela insistir nessa palavra. Se os amigos são a família que nós escolhemos, então isto é apenas uma família que tem questões por resolver. E que deve saber quando as resolver. É também isto que faz desta banda algo de muito especial. Karpe Diem para ti, Kermit.



“Por um breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias te recolherei”
Isaías 54


Estimados KD,

Queridos amigos, gostaria de me desculpar de algumas palavras infelizes e amargas pronunciadas por mim nos últimos tempos. É este feitio de merda cuja angústia e sentimentos temporários têm que transbordar por algum lado, der por onde der. Esta necessidade de matança constante para renascer melhor, ceifar e germinar uma nova paz em alguns momentos da minha vida.
Lamento algumas palavras recentes. Não foram justas nem apropriadas. É uma amargura e tristeza que às vezes resvala para esferas que nada têm a ver com a causa. Andei magoada e angustiada com a vida, é bem verdade, mas isso não justifica ser injusta com vocês ou seja com quem for.

Há uma pessoa (the special one) que me diz de vez em quando frases do género: “Já vi que hoje sou culpado até da guerra no Iraque”, ou “Pois, estou a perceber que hoje até o aquecimento global e o desflorestamento da Amazónia são tudo culpa minha”. Eu anuo com um “Sim” e ficamos assim entendidos. É ridículo, mas há dias em que tem de ser assim, mesmo sabendo em plena consciência que esse alguém nada tem a ver com isso.

Os Fabulous Five, apesar dos muitos convívios e gargalhadas partilhadas, não têm que me aturar e nem sequer compreender-me nestes momentos. É também nestes momentos que acabo por magoar e ser profundamente injusta com aqueles que mais estimo e que mais alegrias me proporcionam no dia-a-dia. É o vosso caso, KD. Com a agravante de ter sido “público” como é aqui o caso da blogosfera.

As minhas desculpas profundas e sinceras a todos vós e um Obrigada especial ao meu amigo Eskimo por me “dar nas orelhas” e por deixar partilhar o meu pedido sincero de absolvição com vocês.

Um beijo.
Love U all.

Kermit

segunda-feira, janeiro 07, 2008

ANOTHER DAY IN PARADISE


É BOM ver na cara dos KD que eles estão a gozar a gravação do disco. É bom vê-los assim. Depois de uma experiência menos boa - e ainda sem saber o resultado desta - há já uma conclusão a tirar: Agora é mais giro. E não há aqui qualquer crítica ao nosso produtor anterior, com quem fizemos, diga-se, um bem melhor trabalho de pré-produção do que desta vez. As minhas palavras prendem-se com as contingências da gravação anterior.


Ontem lá estiveram Moás e Monge a gravar. E os outros a acompanhar. Hoje o primeiro voltou à luta. Acredito que com bons resultados. É para garanti-lo que temos lá o STS a foder-lhes a cabeça. Estou curioso por ouvir os sons após os primeiros toques. Por ora, acho tudo muito agressivo. Mas a verdade é que não estou com a cabeça neste disco. Demasiado trabalho. Infelizmente.


Aos KD: Aproveitem. Estes são os dias mais próximos do paraíso. E nunca se sabe quando haverá mais. Não é, como dizia a outra, a vida num só dia. Mas é em dois ou três.
FOTO: Sara Aresta (KD ao vivo na Quinta da Piedade)

domingo, janeiro 06, 2008

sábado, janeiro 05, 2008

FICA PARA OUTRO DIA

É MELHOR não ensaiarmos para não perturbarmos a produção dos artistas. Amanhã é dia de guitarras. Monge e Moás, os ases das seis cordas. Que seja uma tarde produtiva. Os KD continuam a produção dos quatro temas escolhidos: Johnny, Silêncio, Todos os males e Cama no chão. A vertigem segue dentro de momentos.

PS - Mais alguém quer matar saudades?

sexta-feira, janeiro 04, 2008

E QUE TAL...

ENSAIARMOS no domingo no STS para "refrescar" as ideias durante as gravações do Monge?

PS - Ou então segunda...

NOISE

TENHO saudades de tocar. Alguém por aí sente o mesmo?

quarta-feira, janeiro 02, 2008

TO DIE FOR


Isabeli Fontana

A FAMOSA LEI

PERCEBO a revolta dos fumadores. E quem me conhece sabe que não sou intolerante ao fumo, pelo contrário. Mas expliquem-me uma coisa muito simples: Porque devem os não fumadores ser obrigados a fumar com vocês em espaços fechados?