NÃO

Hoje passei a tarde no Hospital Dona Estefânia. O Tomás tinha dores de barriga muito fortes, torcia-se com dores, vomitara e isso deixou-me muito preocupado. Temos a sorte do pai da Sara ser médico e conhecer muita gente. Eu o o Tomás fomos logo atendidos pelo atencioso dr. Pascoal. Assustou-me. Não era nada cirúrgico grave mas mandou-nos fazer análises, ecografia e raio-x. Logo. À minha frente andou sempre um casal simpático e atencioso. O filho, como o Tommy, torcia-se com dores e vomitava. Mas era lindo ver a forma atenciosa e carinhosa como eles olhavam para ele. Como a mãe o adormeceu e sossegou após a berraria que fez para tirar sangue. Tal como o Tommy. Afinal, os miúdos não gostam nada daquilo. Nem eu, para dizer a verdade.
No final da ecografia, cujo resultado lhes foi dito primeiro do que a mim, já que fiz todos os exames atrás deles, a notícia. Um cancro no estômago. Operação já e a ver vamos. O choro dos pais. A mãe arrasada. O pai a fazer-se forte mas de cara à banda. O miúdo em pânico por ver a mãe assim. O Tomás tem apenas uma gastroenterite viral. Torradinhas e cházinho. Foda-se. A vida é uma merda. Eu sinto-me uma merda por estar feliz. Deus existe? Deve ser um grande filho da puta!