quinta-feira, março 22, 2007

CHILDREN OF MEN


FLESH FOR FANTASY. Ainda não sei se é um grande filme. Quer dizer... já o vi duas vezes. E gosto. Muito. Mas como diz o PI, há algo de irritante no fim. Demasiado rápido? Demasiado imperfeito? Será a morte do artista que incomoda? Ainda não sei.

De qualquer forma, The Children of Men é um filme a ver sem reservas. Uma excelente realização de Alfonso Cuaron, um grande papel de Clive Owen e nos secundários, Julianne Moore e Michael Caine fantásticos.

Mais do que os atributos cinematográficos inegáveis, este filme, como Vendetta, 28 dias, 12 Macacos, Babel, entre outros, traz-nos uma visão inquietante do futuro. E confesso que, comigo, os realizadores conseguem o querem: inquietam-me.

Sempre fui negativista em relação ao futuro. Não ao meu. Talvez não o do Tomás e do Vicente. Mas os próximos... Não sei, há qualquer coisa no ar. Não é preciso ser um génio. Mas é preciso ver como são banidos alguns cientistas que dizem verdades inconvenientes, como as agora propagandeadas por Al Gore. Ou assistir, por exemplo, aos tristes acontecimentos da Costa da Caparica. Ou à nossa falha total em respeitar o protocolo de Kyoto. Ou como deixamos ocorrer impunemente o lucrativo negócio de tráfico de carne humana um pouco por todo o mundo. Isto não pode trazer nada de bom.

Somos governados por pessoas de plástico, também elas governadas por outras pessoas de plástico, sem qualquer contacto com o mundo real, pois o dinheiro que têm é tanto que lhes permite viver num luxo acima do que podemos imaginar. Também isto não nos pode trazer nada de bom. Tristemente, nem a eles.

De qualquer forma, voltando a The Children of Men... encontramos na obra de Cuaron várias características humanas desprezíveis. E com essas convivemos desde A.C. A pior, o desprezo pela vida humana. Nojento ontem como é hoje. Sim, ver este filme traz-nos retratos fiéis do que irá no cérebro de alguns filhos da puta que querem ver o mundo à maneira deles e para isso fazem tudo o que lhes apetece. Sem dó nem piedade. Mesmo quando parecem estar do lado bom. Do lado da Revolta. Mas nem sempre são eles os bons da fita. Há alturas em que não há esquerda nem direita, centro, sul ou norte. A morte, essa sim, encarrega-se de todos. Sem pena de ninguém.

Já escrevi sobre isto. Às vezes gostava de acreditar em Deus. Talvez tornasse algumas realidades mais fáceis de aceitar. Como aquelas com que somos obrigados a conviver quando pensamos em conflitos tão errados como o Iraque, a Palestina, o Sudão, para nomear apenas alguns. Mas não. Não acredito. Nem em Deus, nem no homem. Ou não... Acredito que é o homem quem escreve e escolhe o seu destino. Por isso estamos condenados. Não seremos afinal todos cobardes, hipócritas e filhos da Puta...? Quero acreditar que não. Mas temo que sim. Cada vez mais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Também não acredito na existência de Deus.
Mas ainda acredito que a força do amor será superior à força do ódio.
No entanto, confesso, que há dias que frente aos noticiários da tv, sou obrigada a questionar a minha convicção. Mas depois relembro-me que também existe muita gente boa por esse mundo fora que "continua a procurar a cura de todos os males" e...a convicção renasce.

Fénix