DREAM ON

Gostava muito de fazer uma tour. Algo longa. Que testasse a minha resistência, tanto física como mental. Uma das sensações que mais aprecio é ter de dar ainda um pouco mais quando já estou todo roto. Calculo que isso aconteça várias vezes ao longo de uma tournée. Depois gosto das relações pessoais quando levadas ao extremo. Calculo que os KD acabassem por se mandar para o caralho uns aos outros algumas vezes durante uma experiência dessas. Então eu quando ligo o complicador (felizmente dizem que não é muitas vezes... mas dizem-me a mim, por isso pode ser mentira, hehehe...).

Depois, para além disso, a parte musical tem muito que se lhe diga. Isto de ensaiar para dar um concerto de três em três meses não tem piada nenhuma. Trabalhar as músicas em palco, ganhar confidências sonoras com os outros elementos da banda, sentir o à vontade a crescer com o número também crescente de concertos é uma sensação que não se deve desprezar. Sinto falta desses momentos com o Fino, um baixista que gostava de explorar mais do que faço.

O maior número de concertos que dei seguidos foram 10. Mas foram todos no norte de Portugal e com uma banda em não podia ser eu a comandar o ritmo. Estavamos todos dependentes das máquinas. Foi giro. Mas muito profissional, correcto e sem aquele feeling de rock que senti tanto nos Kaganisso como por vezes nos Karpe Diem.

Pode ser que um dia me meta a marcar uma tour de bares, em que perderemos mais dinheiro do que outra coisa. Mas há sonhos pelos quais vale a pena perder qualquer coisa. Seja dinheiro, saúde ou tempo de vida. Já com o Culto foi assim. E vai haver mais. Não sei viver parado. É um dos meus defeitos. E quem paga é a família. Os putos. Sou egoísta. É um facto que tenho de aceitar.